Creatina com álcool faz mal ao rim?
As academias têm se tornado cada vez mais frequentadas por jovens, que passam a se preocupar cada vez mais cedo com o corpo. Isso se deve em grandes partes à forte presença das redes sociais em suas vidas, o que, além de reforçar a ideia do corpo ideal e mostrá-lo como atingível por meio dos influenciadores de lifestyle fitness, ao contrário do que acontecia antes quando os corpos belos eram apenas os de modelos e atores famosos que estampavam as capas de revistas, estabelece também uma cultura da autoexposição, sendo necessário estar sempre na melhor forma para que ela seja exibida.
Outra questão que marca a juventude há muito tempo, mas tem se dado de maneira ainda mais intensa é o consumo do álcool, o que tem gerado preocupação com a saúde dos jovens e por parte deles em relação aos resultados dos treinos, que seriam potencializados pelo uso de suplementos como a creatina. Nesse artigo vamos responder discutir sobre a ação da creatina no corpo e seus possíveis efeitos, respondendo a perguntas como “O que é a creatina?”, “Como a creatina age no organismo?”, “A creatina apresenta efeitos colaterais?”, “O que são as bebidas alcoólicas?”, “Qual é o efeito do álcool no corpo?”, “Como funciona o sistema urinário? Qual é a função dos rins?” e “A combinação de creatina e álcool prejudica a saúde dos rins?”.
O que é a creatina? Creatina com álcool faz mal ao rim?
A creatina é uma substância formada por um conjunto de aminoácidos encontrado nas fibras musculares e no cérebro. Tais aminoácidos, considerados não essenciais, são produzidos no nosso próprio organismo, nesse caso, no fígado e nos rins. A quantidade produzida por esses órgãos, entretanto, é considerada apenas metade do necessário para o corpo, sendo a outra metade obtida por meio de ingestão de carne, que é o significado do termo grego kreas, do qual se originou a palavra creatina, ou de suplementação.
Como a creatina age no organismo? Creatina com álcool faz mal ao rim?
Ao ser produzida, a creatina participa do processo de produção de moléculas de ATP (adenosina trifosfato), que armazenam energia em suas ligações químicas, e é transportada pela corrente sanguínea até os tecidos musculares, onde, após ser fosforilada, ela se transforma em uma excelente reserva de energia devido à ligação fosfato, altamente energética. Assim, as pessoas que têm interesse em elevar seus níveis de ATP a fim de aumentar a produção e reserva energética, além de a consumirem por meio da alimentação, procuram pelos suplementos de creatina, muito populares no meio de atletas cujas atividades físicas são intensa e curtas, como os fisiculturistas e os lutadores de jiu-jitsu, muay thay e judô.
Ao ser usada por esse tipo de atleta, o suplemento, que pode ser encontrado nas formas de pó, comprimido e cápsula, promove o ganho energia, aumentando a resistência, e fortalece os músculos do atleta, aumentando sua força, além de agir na regeneração muscular, reduzindo o tempo necessário para recuperação de cada exercício, o que provoca melhora no desempenho nas atividades físicas e, consequentemente, melhora nos resultados objetivados.
A creatina apresenta efeitos colaterais? Creatina com álcool faz mal ao rim?
Assim como qualquer outro suplemento ou substância inserido artificialmente nas composições do organismo, o uso da creatina pode provocar reações típicas de defesa do corpo ao não reconhecer isso como natural daquele meio. As possíveis reações que cada corpo pode ter são diferentes devido às suas especificidades e, em muitos casos, acontecem apenas durante o período de adaptação do corpo, no período inicial do consumo da creatina, em que o corpo ainda está se ajustando ao aumento da concentração da substância no meio.
Um dos possíveis efeitos da creatina é o aumento da retenção de líquidos, o que pode oferecer risco aos que pretendem usar o suplemento mas têm tendência a formar pedras nos rins. Além disso, como sabe-se que a formação da urina depende das substâncias que o corpo precisa eliminar, a creatina pode aumentar a produção do líquido e a consequente eliminação dele, pois, ao gerar energia por meio do fornecimento do fósforo para as moléculas de ATP, ela se transforma em creatinina, substância que não é útil mais ao organismo. Assim, devido à presença dessa substância que o organismo não aproveita, ele provoca estímulos que geram sede para que seja ingerida uma maior quantidade de água a fim de facilitar sua eliminação na urina, sendo produzida mais urina devido ao maior consumo de água.
Devido ao aumento da quantidade de líquido que a pessoa passa a consumir, caso essa quantidade seja exagerada, pode ser que isso provoque uma diarreia, que pode levar, ainda, a um quadro de desidratação devido à eliminação excessiva dos líquidos, podendo trazer com ela também sintomas como febre, tontura e enjoo. Por fim, um dos efeitos colaterais que podem vir a acontecer é o estímulo das glândulas sebáceas, o que provoca aumento da produção de sebo, podendo aumentar a oleosidade da pele.
O que são as bebidas alcoólicas? Creatina com álcool faz mal ao rim?
A bebidas alcoólicas são muito populares principalmente no meio jovem, no qual elas são consumidas muitas vezes indiscriminadamente. Como o próprio nome diz, são bebidas que contêm álcool, ou seja, compostos orgânicos com grupos hidroxilas, sendo o álcool etílico, ou etanol, o álcool mais comum, o utilizado na composição das bebidas, além de compor produtos de limpeza e combustíveis. O etanol é produzido por meio da fermentação de açúcares, podendo eles serem provenientes de várias matérias primas, como frutas, grãos e caules, sendo o principal deles a cana de açúcar. Assim, ele é utilizado na composição de diferentes bebidas, que, além de conterem ingredientes distintos, têm concentrações alcoólicas diferentes.
Qual é o efeito do álcool no corpo? Creatina com álcool faz mal ao rim?
A ingestão de álcool pode provocar efeitos a curto e longo prazo no organismo. A curto prazo, momentos depois da ingestão, a depender das quantidades ingeridas e das respostas específicas de cada corpo, o álcool provoca redução do senso crítico e da capacidade de raciocínio e intensifica as emoções experienciadas. Isso acontece porque a substância tem ação depressora do Sistema Nervoso Central, o que, em uma análise baseada na Teoria da Personalidade, de Sigmund Freud, significaria a supressão do superego e do ego, deixando o id livre de restrições, provocando ações impulsivas e inconsequentes. As proporções em que isso se dá, novamente, dependem das quantidades ingeridas e das condições e respostas de cada corpo ao álcool. Além disso, ao ingerir álcool em excesso, é possível adquirir dificuldades na fala e na visão no momento em que ele faz efeito e provocar um quadro de veisalgia, chamada popularmente de ressaca, no dia seguinte aos exageros. Esse quadro é provocado por uma série de fatores, como a sobrecarga do fígado, que passa a trabalhar mais para eliminar o álcool do corpo, liberando substâncias tóxicas que geram processos inflamatórios no corpo; a mudança do metabolismo pancreático da glicose, favorecendo a hipoglicemia; a desidratação causada pelo efeito diurético do álcool; e, em alguns casos, a intoxicação por acetaldeído, presente em algumas bebidas alcoólicas, provocando também um processo inflamatório. É possível, ainda, que aconteça o chamado blackout alcoólico, que é a ausência ou falha das memórias dos acontecimentos do período do efeito do álcool.
Já os efeitos de longo prazo, são motivos para tomar ainda mais cuidado com as bebidas alcoólicas, passando inclusive pela possibilidade de dependência química, marcada por crises de abstinência na ausência da substância. O consumo excessivo, ainda, como mencionado, provoca a sobrecarga de órgãos como o fígado e o pâncreas, podendo levar a quadros de cirrose e pancreatite, além de afetar o funcionamento cerebral, o que pode desencadear também Alzheimer e Transtorno de bipolaridade. Acredita-se também que existam riscos de osteoporose, artrite reumática, angina de peito, Parkinson, diabetes, úlcera duodenal, cálculos biliares e renais, hepatite A, linfomas, síndrome metabólica, câncer no pâncreas e gastrite.
Como funciona o sistema urinário? Qual é a função dos rins?
O sistema urinário, como o próprio nome indica, é o conjunto dos órgãos envolvidos nos processos de formação, armazenamento e eliminação da urina, que é um subproduto líquido orgânico composto por substâncias nocivas ou inúteis ao corpo, assim sendo eliminadas por ele. Compondo o sistema, o aparelho urinário é constituído pelo par de rins, pelos dois ureteres, pela bexiga e pela uretra e é responsável por reunir as excretas, que são os resíduos dos metabolismos celulares e as substâncias em excesso no sangue, formando a urina, e eliminá-la do organismo.
Os rins são ligados ao sistema circulatório pela artéria e pela veia renal, de onde vem o sangue, que é filtrado em unidades renais chamadas néfrons, o que resulta em um sangue livre das substâncias indesejadas, como a amônia, a ureia e o ácido úrico, e na urina, formada por estas e por possíveis quantidades de água excedentes. Assim, a urina segue por canais chamados ureteres até a bexiga, onde o subproduto fica armazenado até que se acumule volume suficiente para estimular os sensores nervosos de sua parede muscular. Quando estes são estimulados, o esfíncter, músculo que controla os movimentos da bexiga, se contrai, empurrando o líquido pela uretra, de onde ele é expelido do corpo.
A combinação de creatina e álcool prejudica a saúde dos rins?
Assim, concluímos que o consumo da creatina pode trazer muitos benefícios para o corpo dos atletas, aumentando a síntese proteica e favorecendo o anabolismo, mas em excesso, pode provocar efeitos colaterais indesejados. Já o consumo do álcool, não é considerado benéfico, mas também pode causar consequências indesejadas caso consumido indiscriminadamente.
Os efeitos combinados das duas substâncias, entretanto, não têm relação com o funcionamento dos rins, o que não implicaria em problemas renais caso fossem consumidos juntos, mas prejudicaria os resultados dos treinos, já que, ao afetar o funcionamento dos órgãos que proporcionam a síntese proteica e o anabolismo, o álcool tem efeito contrário ao da creatina. Além disso, o consumo excessivo do álcool sem um intervalo considerável de tempo até o próximo treino, pode prejudicar os exercícios e até gerar consequências desagradáveis devido ao processo inflamatório, à hipoglicemia e à desidratação do quadro de veisalgia.
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